quarta-feira, 5 de março de 2008

O CONSERVADORISMO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA, INFLUENCIADO PELAS RELIGIÕES E SEUS COSTUMES.

Vivemos em um país que ainda sofre as conseqüências do Regime militar. Por esse motivo, a constituição promulgada após o regime, busca garantir a liberdade de cada cidadão. Dentre as liberdades, está assegurada a livre pratica de qualquer religião, não podendo ser proibido ou dificultado qualquer ato religioso, como prevê o inciso VI, do artigo 5º da CF.

Para que haja esta democracia, a república conta com três poderes: Judiciário, executivo e legislativo, cada um com sua função específica para a manutenção do Estado democrático de direito. Este último tem como uma das funções criar e aprovar leis ou emendas, que acompanhem as necessidades que surgirem em meio à população, mudanças exigidas pelo avanço cultural, econômico, político dentre outras variáveis da sociedade.

Com a economia mundial globalizada, nossa nação precisa adaptar-se a certas necessidades que surgem, não somente as econômicas, mas também legislativas. Porém o que ocorre no Brasil não é bem isso.

Neste país, segundo o IBGE, há oficialmente mais de 150 milhões de católicos. Conclui-se então que grande massa de eleitores e seus formadores de opinião pertencem a esta religião, quando assim não é, temos ainda outras variações de crenças cristãs. Este potencial eleitoral exerce grande influência aos deputados federais e senadores, que tem grande interesse nos votos dos fiéis, e por isto, temem contrariar os seus dogmas religiosos, ato que não seria eleitoralmente inteligente.

Estes políticos propiciam dois motivos que freiam a razão lógica para o desenvolvimento do país e possíveis soluções para problemas sociais.

Uma das razões para esse ocorrido é o fato que estes mesmos legisladores podem ser católicos ou serem criados em famílias de cultura conservadora cristã. E por mais que a intenção destes seja as melhores - a do bem maior do Estado democrático, para decidir nas decisões parlamentares e congressuais, eles geralmente não são imparciais. Estudos comprovam a teoria de Freud na qual diz que a pessoa humana não se livra dos assuntos relacionados com o subconsciente, mesmo que não perceba, cada ato está ligado a sua formação e traumas do passado. Assim sendo, aquele que deveria formular uma lei que necessita de adaptação à situação social momentânea, não a faz. Mas acaba-se por influenciar pelos ensinamentos paternos e a cultura religiosa repassada pelos mesmos. Tradição essa que é fundamentada há 2000 anos – outro contexto, já ultrapassado, marcada pelo nascimento de Cristo e sua filosofia.

Um outro fator de grande importância é o jogo político. No Brasil, os cidadãos, em sua maioria, consideram mais interessante ouvir conselhos do Papa do que discutir fatos sociais, eles consideram absurdo debater assuntos como o aborto, uma vez que seu grande líder religioso influencia e orienta a negação ante a pergunta da autorização do processo abortivo.

Isso gera uma barreira para os votos nas decisões que regem assuntos polêmicos como: o próprio aborto, células troncos, casamento entre pessoas do mesmo sexo, eutanásia entre outros temas. Esse empecilho é explicado quando pensamos que aqueles que estão no poder legislativo desejam manter-se por lá. Para que isso ocorra devem pelo menos manter a margem de votos adquirida na eleição anterior. Com essa preocupação, temem contrariar a crença dos eleitores, que por vezes não é tão sábio quanto poderiam, pela falta de educação e alienação causada por essas entidades religiosas.

Nesse mesmo raciocínio identifica-se então que a escolha legislativa por muitas vezes deixa de ser o interesse geral do Estado, para ser sim a vontade da religião e seus seguidores, que mesmo não tendo representante oficial no poder judiciário, influenciam e controlam grande parte deste indiretamente. O estado deixa de ser laico.

A nação perde com isso a oportunidade de sustentar-se realmente como desenvolvida e retrocede se compararmos com os países europeus. É necessário que haja um embasamento lógico nas escolhas do país. Que a razão seja propulsora da ordem e do progresso.
"A religião é o suspiro da criança acabrunhada, o coração de um mundo sem coração, assim como também o espírito de uma época sem espírito. Ela é o ópio do povo"

5 comentários:

Anônimo disse...

Bom, questões que envolvem religião na sua maioria das vezes são muito polêmicas, mais o que de fato diz se é ou não correto governar de acordo com a religião?
Contudo, como disse o autor custumes regem a nossa população de maioria católica ou que pelo menos dizem ser. Até quando nossos cientistas serão proibidos de pesquisarem sobre células troncos? Por apenas sermos um mero país subdesenvolvido de custumes. Então porque o Papa não é o presidente?
No meio de toda essa briga toda a religião entra em contradição, todos os pais antes do seu filho sair falam "Use sempre camisinha!". Espere, mais o q diz a religião dominante no país quanto ao uso de camisinha? Contraditório não?
Na minha opinião a religião deveria ficar apenas no campo religioso, já pensaram quantas pessoas poderiam ser curadas com o avanço das células tronco? Quantos "marginais" deixariam de nascer com um simples aborto?
A política não so no Brasil mas no mundo inteiro é bastante podre, a religião não é uma coisa podre, mais porque entao ela se junta com a política,tudo que tem a ver com a política nao é podre?

Anônimo disse...

Texto muito bom Guilherme, boa percepção.
Abraço ;)


Ramon

Anônimo disse...

Apesar de um pouco radical, achei bem critico o seu texto...
Muito bom!!!
Bju!
Polly

Anônimo disse...

Ummmm???!!!
Gostei muito do tema.....bem polêmico....sua cara....vc soube colocar sua opinião.....
Continueee....escrevendoo..
Bjus
Gliciana

Talu Ribeiro disse...

é meio complicado envolver religião na politica... mas levando em consideração a cultura religiosa brasileira acaba sem qrer ou qreno envolvendo e utilizando a persoasão de dentro do povo envolvido com a igreja... muita gente usa essa arma.
bom texto pekeno...
abração cara